A
salvação é obra de Deus em favor do homem, e não do homem em
favor de Deus. Como já vimos, o homem é completamente incapaz de
agradar a Deus por si só, pois leva sobre si a sentença de “morte
espiritual”. Por este motivo Deus mesmo tomou a iniciativa de
prover a salvação independentemente dos méritos e possibilidades
do homem. Há, porém, uma coisa que Deus não faz no que diz
respeito à salvação do homem: Deus não o obriga a aceitá-la.
Antes de experimentar a conversão, o homem precisa desejá-la, dando
lugar à operação divina.
1.
O Que é Conversão
O
termo “conversão”, literalmente, significa “virar-se para a
direção oposta”. De acordo com a Bíblia, é o ato pelo qual o
pecador se volta do pecado para Jesus Cristo, tanto para obter perdão
dos pecados como para liberta-se deles. Isso inclui livramento da
pena do pecado. Embora nitidamente ligada ao arrependimento, a
conversão difere dele, uma vez que o arrependimento enfatiza o
aspecto negativo do abandono ou saída do pecado, enquanto que a
conversão enfatiza o aspecto positivo da volta para Cristo (1 Ts
1.9). O arrependimento nos retira de todos os amores ou inclinações
pecaminosas, enquanto que a conversão nos faz voltar para o Esposo.
O arrependimento produz tristeza pelo pecado, já a conversão produz
alegria por causa do perdão e livramento da pena do pecado. O
arrependimento nos leva à cruz; a conversão nos leva ao túmulo
vazio do Salvador ressuscitado. A conversão fala do abandono da vida
de pecador para abraçar a vida real e verdadeira oferecida por Deus
através de Jesus Cristo (At 14.15; 26.18; Ez 18.30). A verdadeira
conversão envolve dois atos da parte do pecador: Dar as costas ao
“eu” e ao pecado e crer em Deus, voltando-se para Ele e abraçando
a vida eterna (At 26.30; Mt 7.14; 1 Ts 1.8,9). Se a pessoa não se
chega a Deus, buscando-o, a conversão é incompleta. O simples fato
de rejeitar o pecado, resultado somente numa reforma humana
provisória e não em transformação divina e plena.
2.
O Que é Arrependimento
O
arrependimento envolve uma completa mudança de pensamento sobre o
pecado e a percepção da necessidade de um Salvador. O
arrependimento faz o homem ficar tão contristado por causa do
pecado, que ele aceita com alegria tudo o que Deus requer para uma
vida de retidão. A fé é o correlativo consequente do
arrependimento. Os dois juntos – arrependimento e fé –
constituem a conversão. A isso pode adicionar-se a obra divina do
perdão. “Arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor
Jesus Cristo” (At 20.21) necessariamente caminham juntos. O
arrependimento para salvação é encorajado pelo conhecimento de que
Deus é propício ao pecador, não em fazer vista grossa ao seu
pecado mas em mandar o seu Filho para morrer em lugar do pecador. A
fé em Cristo é encorajada pela compreensão do propósito e
significado da sua morte. É então a pregação da cruz que induz o
pecador ao arrependimento e a fé. O arrependimento não é a mesma
coisa que remorso. O remorso é um beco sem saída; o arrependimento
é estrada transitável. O remorso olha só para os nossos pecados; o
arrependimento olha para além dos nossos pecados – para o
calvário. O remorso nos devolve para nós mesmos; o arrependimento
nos faz voltar para Deus. O remorso nos faz odiar a nós mesmos,
muito embora possamos ao mesmo tempo amar nossos pecados; o
arrependimento nos leva a odiar nossos pecados e amar nosso Senhor
num único ato. O remorso é a tristeza do mundo que “produz
morte”; o arrependimento é “a tristeza segundo Deus” e conduz
à salvação (2 Co 7.10). Os passos que levam o homem ao
arrependimento, uma vez Deus operando, são: reconhecimento do
pecado, tristeza pelo pecado e abandono do pecado.
3.
O Que é Fé
Arrependimento
é dizer “Não”, ao pecado, enquanto que a fé na salvação, é
dizer “Sim”, a Deus. Este é o lado afirmativo da conversão.
Enquanto o arrependimento dá ênfase aos nossos pecados, a fé fixa
os nossos olhos em Cristo. A fé é um relacionamento vivo com
Cristo, baseado no amor, confiança e consagração da vida e da
vontade a Ele. A fé não é um mero assentimento intelectual, mas um
relacionamento pessoal com Deus (Gl 2.19,20). A fé não é uma
emoção que passa de uma pessoa para outra, mas uma convicção
interior da pessoa (2 Tm 1.12). A fé não se dirige a um credo ou
crença doutrinária, mas a uma pessoa (Cl 2.5). Fé não é um ato
isolado na vida, mas uma maneira de se viver (Rm 1.17). A fé não é
uma simples confissão, mas uma dedicação ou entrega, evidenciada
pelas “obras da fé”, na vida da pessoa (Tg 2.18). A palavra “fé”
aparece cerca de 240 vezes no Novo Testamento, nem sempre se
referindo à fé para a salvação. A fé salvadora é mais do que um
assentimento mental ou reação; é um relacionamento vivo entre duas
pessoas: Deus e o homem. Pela impossibilidade do pecador autogerar a
fé salvadora em beneficio próprio, a Bíblia a apresenta como um
dom de Deus (Fp 1.29; Hb 12.2; Rm 12.3). Ler mais...
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