1. O primeiro homem do AT a levar esse nome foi o rei de Gerar, um dos primeiros filisteus a residir na Palestina que se distinguiu dos posteriores guerreiros filisteus que ao final ao segundo milênio emigraram de sua terra natal em Caftor, provavelmente em Creta, e se estabeleceram ao longo da costa sul. É bastante provável que esses “povos do mar” tenham chegado à Palestina em ondas de migração no decorrer do segundo milênio. O clã de Abimeleque encontra-se entre os primeiros colonos. Acredita-se que Gerar deva ter tido sua localização a alguns quilômetros a sudeste de Gaza.
Abraão disse a Abimeleque uma meia verdade, isto é, que Sara era sua irmã (Gn 20.2-18), Abimeleque, cuja esposa era estéril, acreditou que Sara fosse solteira e tomou-a como sua esposa. Mais tarde ficou sabendo de toda a verdade através de um sonho, peio qual também compreendeu que Abraão era um profeta do Senhor que podia orar por ele. Depois de ter expressado uma pequena repreensão a Abraão, o bom filisteu Abimeleque não só devolveu Sara intocada, como também deu os presentes de Abraão de cabeças gado, servos e prata. A oração de Abraão por Abimeleque foi respondida, e as evidências foram os frutos produzidos peias mulheres de toda a sua família. Mais tarde aconteceu um pequeno desentendimento entre os dois abastados lares sobre a posse de um poço (Gn 21.22-32). O juramento de um pacto trouxe novamente a paz, e os hebreus deram seu nome a um oásis em Berseba (“o poço do juramento”).
2. Outro rei de Gerar na época de Isaque também foi chamado de Abimeleque (Gn 26.1,6-17). A experiência de Isaque foi muito semelhante à de seu pai Abraão. Ele também foi a Gerar por causa da fome. Temendo por sua vida por causa da beleza de sua esposa, Isaque disse que ela era sua irmã. Abimeleque soube de toda a verdade e repreendeu Isaac. O sucesso de Isaque na agricultura e na reabertura de poços cavados por seu pai fez com que as pessoas ficassem invejosas, de forma que Abimeleque pediu a Isaque que partisse. Mais tarde foi feito um pacto entre Isaque e Abimeleque, como havia sido feito anteriormente entre Abraão e o primeiro Abimeleque (Gn 26.26-31).
3. No título do Salmo 34, Aquis, o rei filisteu de Gate na época de Davi (1 Sm 21.10) é chamado de Abimeleque. É possível que Aquis fosse o seu nome de nascimento e que ele tenha ficado conhecido entre os moradores de Canaã como Abimeleque (assim como no caso do rei assírio Tiglate-Pileser III que também era chamado de Pul em certas partes de seu reino). Abimeleque também pode ter sido um título popular para os reis entre os hebreus. E um fato bem conhecido que a titularidade dos reis egípcios consistia em cinco nomes para cada rei.
4. O filho de Gideão (Jz 8.30-9.54) teve o título de Abimeleque. Parente, através de sua mãe, do povo de Siquém que adorava o deus Baal-berite, Abimeleque recebeu dinheiro do tesouro de Baal-berite e com ele procurou homens maus para ajudá-lo a assassinar os seus 70 irmãos.
O povo de Siquém rapidamente proclamou-o rei. Entretanto, Jotão, o caçula, escapou e viveu para proferir uma parábola contra o seu presunçoso irmão. Nessa parábola ele comparava Abimeleque a um arbusto espinhoso que governava todas as arvores e profetizou que os homens de Siquém e Abimeleque iriam se destruir mutuamente. Em três anos a profecia começou a stí cumprir quando o povo de Siquém se virou contra Abimeleque. Outra complicação foi introduzida na narrativa com o aparecimento de Gaal, filho de Ebede, que ganhou a confiança da maioria dos homens de Siquém. Entretando, Zebul, um dos governantes de Siquém, informou Abimeleque da situação e este, por meio de uma emboscada, expulsou Gaal e seu povo.
Mas Abimeleque ainda tinha que conquistar a cidade de Siquém e isso exigia algumas engenhosas táticas militares (Jz 9.43-45). Finalmente, a cidade foi conquistada e coberta de sal, uma medida que tinha a finalidade de estragar o solo durante muitos anos. Como era costume geral, muitos dos senhores de Siquém procuraram refúgio na cidadela do templo do deus Berite.
O sanguinário Abimeleque ateou fogo na torre do templo e queimou-os vivos. No processo de conquista de Tebes, uma cidade próxima, o povo também se refugiou em sua forte torre, mas o propósito de Abimeleque de queimá-la foi frustrado por uma mulher que jogou um pedaço de pedra de moinho sobre a sua cabeça, e assim lhe quebrou o crânio, dando fim à sua ímpia e criminosa carreira.
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