Apesar
de possuir ordenanças, a Igreja não faz do ritualismo a sua alma e
a sua vida. A essência do cristianismo é um novo relacionamento
entre o homem e Deus, através do novo nascimento operado pelo
Espírito Santo e pela Palavra de Deus.São duas as principais
ordenanças dadas pelo Senhor Jesus Cristo à sua Igreja: o batismo
em água, e a celebração da Santa Ceia do Senhor.
1.
O Batismo em Água
O
termo "batizar" comum ente significa mergulhar ou imergir.
Apesar de indefinida a origem da prática batismal e da razão porque
foi adotada pela Igreja cristã, a sua prática se faz algo imperioso
quando analisadas as seguintes palavras de Jesus: "Portanto ide,
ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho e
do Espírito Santo" (Mt 28.19).
a)
A Fórmula do Batismo
Os
inimigos da doutrina trinitária, com frequência, se insurgem
contra a fórmula batismal dada por Jesus em Mateus 28.19. Por
exemplo, citam o apóstolo Pedro dizendo: “... cada um de vós seja
batizado em nome de Jesus" (At 2.38), para erroneamente
afirmarem que a forma batismal bíblica é "em nome de Jesus",
e não "em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo".
Um escritor cristão do II Século põe fim à questão quanto à
forma batismal cristã, quando escreve: "Agora, concernente ao
batismo, batizai assim: havendo ensinado todas as coisas, batiza em
nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo, em água viva
(corrente). E se não tiveres água viva, batiza em outra água; e se
não podes em água fria, então em água morna. Mas se não tiveres
nem uma nem outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em nome
do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Conhecendo as
Doutrinas da Bíblia – Editora Vida – Pág.22).
b)
O propósito do Batismo
Uma
vez que só o salvo pode ser batizado, o batismo não tem como
finalidade a salvação do batizando. O ato do batismo se constitui
num testemunho público de que aquele que a ele se submete foi
regenerado pela fé em Jesus Cristo. Assim, pelo batismo, o novo
crente dá prova de haver morrido para o mundo, estando pronto para
ser sepultado e ressuscitado para uma nova vida em Cristo. No
entanto, devemos compreender que se o crente, por uma circunstância
inesperada, vier a morrer antes de ser batizado em água, a sua
posição de salvo continua inalterada (Lc 23.42,43). Em
circunstâncias normais, uma vez que o batismo não se constitui uma
opção, mas uma ordenação divina, todos os que crêem devem ser
batizados.
2.
A Ceia do Senhor
O
Senhor Jesus Cristo começou o seu ministério terreno pelo batismo
no Jordão, e o encerrou com a celebração da Ceia no Cenáculo.
Ambos os fatos destacam o valor da Ceia do Senhor para a vida dos
crentes hoje em dia.
a)
O Propósito da Ceia
A
Santa Ceia do Senhor tem por finalidade anunciar a nova Aliança (Mt
26.26-28), e se constitui um memorial, conforme ordem expressa do
próprio Jesus (Lc 23.19). É uma lição objetiva que expõe os dois
fundamentos do Evangelho: Primeiro: A encarnação: Ao partir do pão,
ouvimos o apóstolo João a dizer: "E o verbo se fez carne e
habitou entre nós" (Jo 1.14). Segundo: A expiação: As bênçãos
incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte de
Cristo. O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser
quebrantado na morte, a fim de ser distribuído entre os
espiritualmente famintos. O vinho derramado nos diz que o sangue de
Cristo, o qual é a sua vida, deve ser derramado na morte, a fim de
que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas
necessitadas. Os elementos usados na Ceia (o pão e o vinho) nos
lembram que pela fé podemos ser participantes da natureza de Cristo,
isto é, ter "comunhão com ele". Ao participarmos do pão
e do vinho, na Ceia do Senhor, o ato nos recordae nos assegura que,
pela fé, podemos verdadeiramente receber o Espírito de Cristo e ser
o reflexo do seu caráter.
b)
Como Celebrar a Ceia
No
ato da celebração da Ceia, Cristo deixou-nos o exemplo de como
devemos ministrar. Todos os discípulos participaram do pão e do
vinho, e esta fórmula foi repetida no ensino do apóstolo Paulo (1
Co 11.24-26). Por ser a Ceia do Senhor a maior festa espiritual da
Igreja, interrrompê-la com outros assuntos se constitui profanação.
Este tipo de atitude representa, na verdade, falta de zelo para com
as coisas de Deus. Se por um lado a reverência cristã condena o
mero formalismo, ao mesmo tempo não pode aceitar que a Ceia do
Senhor seja celebrada sem nenhuma solenidade, de modo relaxado e
desprezível. Isto é profanar aquilo que é sagrado. Somos,
igualmente, admoestados sobre o modo como devemos participar da Ceia
do Senhor: "Examine-se pois o homem a si mesmo..." (1 Co
11.28). Portanto, erram clamorosamente aqueles que, ao invés de
examinarem a si mesmos, ficam a investigar as outras pessoas.
c)
A Atitude Correta Face à Celebração da Ceia
Em
1 Coríntios 11.24,26,28, o apóstolo Paulo chama a atenção do
comungante da Santa Ceia do Senhor, para três direções que essa
cerimônia o leva a olhar:
Primeiro:
O
olhar retrospectivo: Como memorial, todas as vezes em que celebrarmos
a Ceia do Senhor, devemos fazê-lo com um olhar retrospectivo, - em
direção ao Calvário, onde o Senhor, com o seu próprio sangue,
pagou o preço exigido pelo resgate de nossas almas. O Calvário deve
ser permanentemente o tema de nossas vidas!
Segundo:
O olhar introspectivo: Este é o olhar interior, pessoal uma espécie
de sondagem para saber como está a nossa vida diante do Senhor a
quem celebramos quando participamos do pão e vinho. Que valor temos
dado ao seu sacrifício. Em que posição nos encontramos concernente
à nossa comunhão com o Salvador? Este é um dos propósitos Ceia do
Senhor. Ela nos estimula a uma reflexão interior sobre os nossos
passos na vida cristã.
Terceiro:
O olhar expectativo: Finalmente, a Ceia do Senhor também um fator de
esperança. Todas as vezes que dela participamos, nossa mente se
volta para aquele glorioso dia quando nos assentaremos com o Senhor
nas Bordas do Cordeiro (Maturidade Cristã N° 4 – 4° Trimestre -
CPAD). O próprio Jesus Cristo assim se expressou: “E digo-vos que,
desde agora que, desde agora, não beberei deste fruto da vide ate
aquele dia em que o beba de novo convosco no reino de meu Pai"
(Mt 26.29). Paulo, em outras palavras reiterou a mesma mensagem: “...
anunciais a morte do Senhor até que venha” (1 Co 11.26).
X.
A ADORAÇÃO NA IGREJA
A
Igreja é conhecida basicamente como uma comunidade adoradora. Como
"povo de Deus", a Igreja leva consigo associações da sua
redenção e do seu destino. Ela foi chamada por Deus para ser
propriedade e herança exclusivamente dele. O apóstolo Paulo diz que
"assim como [Deus] nos escolheu nele [no Senhor Jesus Cristo]
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis
perante ele; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de
filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua
vontade... predestinados... a fim de sermos para louvor da sua
glória... em quem também vós... tendo nele também crido, fostes
selados com o Espírito Santo da promessa" (Ef 1.4,5, 11-13).
1.
A Natureza da Adoração na Igreja
Desse
William Temple: "Adoração é o submetimento de todo o nosso
ser a Deus. E tomar consciência de sua santidade; é o sustento da
mente com Sua verdade; é a purificação da imaginação por sua
beleza; é o apego do coração ao seu amor; é a rendição da
vontade aos seus propósitos. E tudo isto se traduz em louvor, a mais
íntima emoção, o melhor remédio para o egoísmo que é o pecado
original". Dentre tantas vantagens da adoração, como partes do
culto da igreja a Deus destacam-se as seguintes:
-A
adoração cria uma atmosfera de redenção.
-A
adoração destaca o valor do indivíduo e sua responsabilidade.
-A
adoração dá perspectiva à vida.
-A
adoração dá ocasião ao companheirismo fraternal.
-A
adoração educa.
-
A
adoração enriquece a personalidade e fortalece o caráter.
-A
adoração dá energia para o serviço cristão.
-A
adoração sustém a esperança de paz no mundo (Que Mi Pueblo Adore
– Casa Bauistas de Publicaciones – Págs. 9-11).
2.
Oração e Louvor
Dois
tipos de oração são conhecidos no ensino e no exemplo da Igreja do
Novo Testamento. Há a oração particular no lugar secreto da
comunhão pessoal entre o crente e o Senhor, bem como a oração
congregacional, feita conjuntamente por todos os crentes reunidos no
lugar de culto. Deste modo a Bíblia fala de pessoas que oraram de
forma individual, como de pessoas que oraram coletiva ou
congregacionalmente. Jesus parecia estar ensinando a importância da
oração congregacional, quando disse: "Em verdade também vos
digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito
de qualquer coisa que porventura pedirem ser lhes-á concedida por
meu Pai que está nos céus. Porque onde estiverem dois ou três
reunidos em meu nome, ali estou no meio deles" (Mt 18.19,20).
Através da oração, o louvor a Deus encontra a sua mais elevada
expressão. Se oração é petição, rogo e intercessão, o louvor
se constitui na mais refinada forma de adoração a Deus - veículo
através do qual o crente expressa o seu reconhecimento pelos grandes
benefícios recebidos de Deus, inclusive fazendo menção daqueles
atributos divinos que, pronunciados, inundam de gozo a alma do
crente.
3.
Hinos e Cânticos Espirituais
Escreveu
o apóstolo Paulo: "A palavra de Cristo habite em vós
abundantemente, em toda sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos
uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais; cantando
ao Senhor com graça em vosso coração" (Cl 3.16). A Igreja
Cristã nasceu em cânticos. Espera-se, pois, que o Evangelho cristão
traga consigo para acena da história uma explosão de hinódia e dê
louvor a Deus. Além disto, podemos argumentar que todos os
antecedentes do aparecimento no mundo do Século I, nos levariam a
esperar que a Igreja primitiva fosse uma comunidade de cântico de
hinos. Podemos investigar os livros do Novo Testamento, tendo em mira
descobrir ali a presença de semelhantes cânticos de adoração. As
grandes religiões do mundo, com excessão o Cristianismo, não
possuem hinos. Possuem apenas murmúrios de dor e lamentos. Como
expressão de adoração, os hinos são uma exclusividade do
Cristianismo. Na verdade a Igreja tem à sua disposição nada menos
que quinhentos mil hinos. A Bíblia manda: "Está alguém
alegre? Cante louvores" (1 Co 14.15). "Cânticos
espirituais" se referem a fragmentos de louvor espontâneo que o
Espírito Santo coloca nos lábios do adorador enlevado. Noutras
palavras, é o que diz o apóstolo Paulo: "Que farei pois?
Orarei com o espírito, mas também orarei com o entendimento;
cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento"
(Tg 5.13).Há ainda hoje grande fonte de inspiração à disposição
do crente no cântico, seja de hinos congregacionais, seja em
cânticos espirituais.
4.
Reafirmações da Fé Cristã
Quando
a Igreja se congrega para cultuar a Deus, dentre outras coisas, ela
reafirma os valores espirituais por ela esposados. Deste modo a
Igreja é reconhecida como comunidade de fé, pregação e confissão.
A Igreja primitiva esposava um corpo de doutrinas distintivas,
conservado como depósito sagrado da parte de Deus. As referências a
esta base de verdade Salvífica estão dispostas com uma plenitude de
descrição e variedade de pormenores, embora não se deva forçar a
evidencia para sugerir que houvesse qualquer coisa que se aproximasse
dos credos posteriormente adotados. Os seguintes termos demonstram
como os cristãos primitivos designavam o conjunto doutrinário que
criam e esposavam:
"A
doutrina dos apóstolos" (At 2.42).
"A
palavra da vida" (Fp 2.16).
"A
forma de doutrina" (Rm 6.17).
"As
palavras da fé e da boa doutrina” (1 Tm 4.6).
"O
padrão das sãs palavras” (2 Tm 1.13).
"A
sã doutrina” (2 Tm 4.3; Tt 1.9).
Anos
após os eventos redentores da Cruz e do Túmulo Vazio, os seguidores
de Jesus Cristo ainda estavam confessando: "Cristo morreu pelos
nossos pecados segundo as Escrituras. Foi sepultado; ressuscitou ao
terceiro dia segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas, e, depois, aos
Doze. Quando reafirmamos os pontos salientes de nossa fé, as nossas
convicções vão se cimentando cada vez mais, até se transformarem
em inabalável certeza.
5.
Ministração da Palavra de Deus
O
principal elemento da adoração praticada na sinagoga judaica era a
leitura e a exposição da Lei: A Lei era lida primeiramente no
hebraico original, e depois em paráfrases aramaicas, chamadas
Targuns, seguindo-se, por sua vez, uma homilia ou pregação. Este
era o centro de gravidade no culto da sinagoga, havendo bênçãos e
orações dispostas em derredor. A leitura e exposição da Palavra
de Deus alcançou o seu apogeu no ministério terreno de Jesus, bem
como no ministério de seus apóstolos, especialmente do apostolo o
que escrevendo a Timóteo, disse: "Devota tua atenção à
leitura [e exposição] publica as escrituras’’ (1 Tm 4.23 –
uma tradução livre).Dos ministros escolhidos por Deus para servirem
à Igreja de Cristo, é exigida a máxima diligência no estudo e
fidelidade na exposição das Escrituras. A igreja em cujo culto
nota-se a ausência da atitude de amor e de respeito pela Palavra de
Deus, toda e qualquer outra coisa, porventura, aí existente, por
grande que seja a dedicação com que é feita, é abominável ao
Espírito Santo ultrajante à honra do Senhor Jesus Cristo. Culto sem
compromisso com a fiel exposição das Escrituras, não é culto na
verdadeira acepção da palavra, pelo contrário, é confusão.
Portanto, que os ministros de Cristo, pastores e mestres, deixem que
o povo de Deus seja abençoado com a interpretação e exposição
fiel das Escrituras.
6.
A Mordomia Cristã
Da
adoração cristã deve fazer parte não só aquilo que somos, mas
também o que Deus nos tem dado. Particularmente, quanto ao dinheiro,
o Novo Testamento o reconhece como meio de troca e de ganhar a vida;
e dá toda a ênfase possível à necessidade de diligência e da
consciência no trabalho diário do cristão. Dentre tantas outras,
há uma razão mais profunda para que o cristão se aplique ao
trabalho de forma mais honesta e com o melhor de seus esforços:
Adoramos a Deus no decurso das nossas tarefas diárias, e a oferenda
a Ele de toda a perícia profissional e capacidade dedicada, com a
melhor produtividade da nossa mente e mãos, faz parte do nosso culto
cristão tanto quanto o cântico dos hinos e as devoções nos cultos
na igreja. Daí a justificativa do acréscimo tipicamente paulino
àquilo que parece ser uma exortação pré-cristã: "Trabalhai
de todo o coração... como para o Senhor" (Cl 3.23).
O
dinheiro que damos como parte do nosso culto a Deus, junta estes dois
aspectos: a dádiva é "santificada", e a adoração é
"concretizada", à medida em que o fruto do nosso trabalho
diário é trazido e oferecido ao Senhor para uso no seu trabalho. Ler mais...
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