Humanamente
falando, adoção é o processo pelo qual uma criança é trazida e
aceita numa família, quando por natureza não tinha direito algum de
pertencer àquela família. Esta transação legal traz como
resultado, a criança tornar-se um filho; um novo membro da família,
com plenos direitos sobre o patrimônio da família que a adotou. A
adoção espiritual é baseada neste mesmo princípio, se bem que a
adoção divina é infinitamente mais abrangente no seu alcance e
finalidade. Depois que o homem, que por natureza é filho da ira, (Ef
2.3) crê em Cristo, é feito filho de Deus, e passa a ter os
direitos e privilégios inerentes àquela posição: o privilégio da
filiação, de ser membro da família de Deus, e o direito de ser
herdeiro de Deus e co-herdeiro com Cristo (Rm 8.15-17).
1.
O Crente Como Filho de Deus
O
relacionamento filial do crente com Deus independe do tempo. Não é
uma esperança futura, mas um usufruto presente. Quanto a isto
escreve o apóstolo João: "Amados, agora somos filhos de Deus,
e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de vê-lo
como ele é" (1 Jo 3.2). Um dos privilégios que goza o filho de
Deus diz respeito à estreita comunhão que ele goza com o seu Pai
celestial. Contrastando o relacionamento amoroso e filial que o
crente goza com Deus, com a atitude de um escravo que treme de medo
diante do seu senhor, escreve o apóstolo Paulo: "Porque não
recebestes o espírito da escravidão para viverdes outra vez
atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no
qual clamamos: Aba, Pai" (Rm 8.15). A Bíblia ensina o crente a
temer a Deus, mas numa atitude de respeito e reverência, e não de
angústia e de medo. O Espírito de Cristo libertou o crente do medo
servil de ser castigado ou rejeitado por causa do menor erro que
pudesse desagradar a seu Senhor. O crente deve saber que é filho e
não mero empregado de Deus. Como filho de Deus o crente deverá
obedecer-lhe; (Mt 5.16; Fp 2.15; 2 Co 6.17.18), sujeitar-se à
orientação e disciplina do seu Pai; (Rm 8.14,16; Hb 12.5,6,12,13)
ir à presença do Pai livre e desimpedidamente, tantas vezes deseje
(Ef 2.18; Mt 6.31,32; Fp 4.19).
2.
O Crente Como Irmão de Jesus Cristo
Ao
adotar o crente como filho, Deus criou uma posição de honra e
dignidade anteriormente inexistente. Este fato modificou toda a
hierarquia do Universo. Deste modo, apesar de os anjos terem sido
criados superiores ao homem, mediante a provisão divina para a
salvação e adoção do crente, este foi exaltado para dominar sobre
os anjos (Hb 2.7,5; 1.14). Hebreus 2.11, diz que Cristo não se
envergonha de chamar os crentes de "irmãos". Ser chamado
"filho de Deus" é em si um privilégio difícil de
entender, mas ser chamado "irmão de Jesus Cristo" é quase
além da imaginação. É um fato extremamente maravilhoso! Em
Cristo, todos os crentes foram feitos irmãos uns do outros. Jesus
disse: "Porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos"
(Mt 23.8). Aqueles que fazem parte da família de Deus participam de
um amor e solicitudes especiais uns para com os outros. É exatamente
este amor que comprova a realidade da nossa adoção como filhos de
Deus. "Nós sabemos que já passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos; aquele que não ama permanece na morte"
(1 Jo 3.14). "Nisto conhecerão todos que sois meus "discípulos,
se tiverdes amor uns aos outros" (Jo 13.35).
3.
O Crente Como Herdeiro do Céu
Mediante
a adoção divina, o crente não somente é elevado à oposição de
participante da aristocracia do Céu, como também torna-se herdeiro
do maior patrimônio do Universo: “... somos filhos, somos também
herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo" (Rm
8.17). Em contraste com as heranças terrestres que são entregues ao
herdeiro só quando o pai morre, o crente recebe a sua herança em
abundante vida. Além da herança recebida aqui como usufruto e
antegozo, dentre outras coisas, Deus nos assegura: "um reino de
glória... uma pátria melhor, uma cidade... uma coroa de glória.
uma coroa de vida, uma coroa de justiça... eterno peso de glória...
verão a sua face... reinarão para sempre e sempre... para uma
herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos
céus para vós outros, que sois guardados pelo poder de Deus,
mediante a fé, para salvação preparada para revelar-se no último
tempo" (1 Pd 1.4,5). São as imensuráveis riquezas de Cristo, o
nosso "irmão mais velho", que nos fazem abundantemente
ricos também. "Pois conheceis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que pela
sua pobreza vos tornásseis ricos" (2 Co 8.9).
4.
Bênçãos Decorrentes da Adoção
Dentre
as incontáveis bênçãos decorrentes da adoção divina, através
da qual somos feitos legítimos filhos de Deus, se destacam as
seguintes:
a)
Libertação da Escravidão da Lei
Ismael
e Isaque não podiam viver sob o mesmo teto. Ismael era o filho da
escrava, enquanto Isaque era filho da esposa legítima (Gl 4.21-30)
"E assim, irmãos, somos filhos não da escrava e sim da livre"
(Gl 4.31). "Deus enviou seu Filho... para resgatar os que
estavam sob a lei para que recebêssemos a adoção de filhos"
(Gl 4.4,3). Esse lugar de adoção tira de nosso pescoço o jugo do
qual diz o apóstolo - "nem nossos pais puderam suportar, nem
nós" (At 15.10). A adoção traz-nos à liberdade não de
pecar, mas da filiação.
b)
Libertação do Medo
Os
filhos de Deus com freqüência sofrem temores – o temor de falhar
o medo passado, do presente, do futuro; e o medo de Satanás, ou do
homem, ou de si mesmo. Esses temores e medos não provêm de Deus,
uma vez que "Deus não nos tem dado o espírito de covardia"
(2 Tm 1.7). A apropriação dos nossos direitos de adoção nos
livrará do temor. "Porque não recebestes o espírito de
escravidão para viverdes outra vez atemorizados, mas recebestes o
espírito de adoção" (Rm 8.15). Há grande conforto e alívio
ao nos lembrarmos que podemos confiar no cuidado do Pai celeste uma
vez que somos seus filhos pela fé em Jesus Cristo. Deste modo o medo
é anulado para dar lugar à confiança filial.
c)
Segurança e Certeza
“O
próprio Espírito dá testemunho com o nosso espírito, de que somos
filhos de Deus" (Rm 8.16). Uma vez que o testemunho do Espírito
Santo é um testemunho verdadeiro, então há grande segurança e
certeza no seu testemunho. A exclamação Aba, Pai é coisa real,
nascida do próprio Espírito de Deus. Isso nos liberta da incerteza
no que diz respeito ao porvir, e também de arrependimentos do
passado, ao mesmo tempo em que nos leva à presente comunhão com o
Pai, a quem pertencemos. Ler mais...
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