A Galácia, era uma grande região governada pelo Amintas. Depois da morte desse, ela foi transformada em uma província romana por Augusto no ano 25 a.C. Dela faziam os territórios da antiga região étnica, que era partes do Ponto, Frigia, Licaônia, Pisídia, Paflagônia e Isauria. A ela também estavam incluídas as cidades que o apóstolo Paulo evangelizou em sua primeira viagem missionária, isto é, Antioquia, Icônico, Listra e Derbe (At 13-14).
Na época do Novo Testamento, o termo Galácia tinha dois sentidos: um étnico e a outra província l. Portanto, existem agora duas teorias a respeito da localização das igrejas às quais Paulo dirigiu-se na Epístola aos Gálatas. 1. Galácia étnica. Esse termo refere-se à região ao norte da grande planície interna à qual damos o nome de Asia Menor. Seu nome é derivado dos gauleses ou dos celtas, que primeiramente invadiram a Itália por volta do ano 390 a.C. e que, mais tarde, atravessaram o mar de Bósforo devastando a Ásia Menor em aprox. 278-277 a.C. Foram derrotados pelo rei Átalo I, de Pérgamo, por volta do ano 239 a.C. e, como resultado, ficaram confinados em uma região a noroeste da Ásia Menor. Seu espírito aristocrático e vigoroso contribuiu para sua separação; no entanto, eles governaram numerosas tribos dos Frigi os e Capadócios. O geógrafo Estrabão indica que os gálatas agrupavam-se em três tribos com quatro unidades de governo ou tetrarquias para cada tribo. Eles enriqueceram-se às expensas de seus vizinhos por meio de pilhagens e extorsões, servindo, às vezes, também como mercenários em conflitos locais. Finalmente estabeleceram-se, e suas principais cidades eram Tavium, Aneira (a moderna Ancara) e Pessino. Seu território estava limitado ao norte com a Bítinia e a Paflagônia, a leste com Ponto, ao sul com a Capadócia e a Licaônia, e a oeste com a Frigia.
No ano 189 a.C., foram totalmente derrotados pelo exército romano sob o comando e Maulius Vulso, mas conseguiram a independência em 166 a.C. Um líder gálata, Deiotaro, colocou-se ao lado dos romanos contra Mitridates VI, de Ponto (121-63 a.C.), em suas continuadas tentativas de controlar toda a região da Ásia Menor, Depois de derrotar Mitridates, Pompeu confirmou Deiotaro em seu reino anterior e até acrescentou outros territórios aos seus domínios (63 a.C.), 2. A província romana da Galácia. Depois da morte de Amintas, seu último rei, Augusto fez da Galácia uma província romana no ano 25 a.C., tendo a cidade de Ancira como capital. Seu território incluía, além da antiga região étnica, partes do Ponto, Frigia, Licaônia, Pisídia, Paflagônia e Isauria. Também estavam incluídas na Galácia provincial as cidades que o apóstolo Paulo evangelizou em sua primeira viagem missionária, isto é, Antioquia, Icônio, Listra e Derbe (At 13-14). Listra e Antioquia tornaram-se colónias romanas e todas essas cidades atraíam um grande número de gregos, romanos e judeus por causa de sua importância econômica e geográfica.
A língua céltica continuava a ser usada na vida privada ao norte, mas o latim tornou-se a língua oficial, com o grego sendo utilizado para fins comerciais. 3. Localização das ‘‘Igrejas da Galácia”. Quando Paulo endereçou sua Epístola aos Gálatas, a que povo estaria se referindo? Aquele que morava na antiga região étnica ao norte ou àquele da região sul, também incluído na mais nova província romana? A teoria que aceita a região gálata do norte afirma que Paulo se dirigiu primeiro às igrejas que já havia contatado em sua segunda viagem missionária. Depois de ter visitado o território sul, ele viajou pela “região frígio-gálata” (At 16,6). Aqueles que defendem essa opinião dizem que ele entrou na antiga Galácia, visitando Pessino e possivelmente Aneira e Tavium antes de continuar até Trôade. Outros afirmam, no entanto, que uma segunda viagem ao mesmo território é mencionada em Atos 18.23, onde o apostolo diz que “partiu, passando sucessivamente pela província da Galácia e da Frigia, confirmando a todos os discípulos”. Essa é a mais antiga das duas opiniões, mantida pelos patriarcas da Igreja e estudiosos mais recentes tais como Alford, Ellicott, Findlay, God et, Lightfoot e MofTatt.
A teoria do sul da Galácia afirma que Paulo escreveu às igrejas da região sul da província romana que ele havia contatado em sua primeira viagem missionária, isto é, Antioquia, Icônio, Listra e Derbe. Ele visitou novamente essas igrejas em sua segunda viagem (At 16.1-5) e, possivelmente, durante a terceira (At 18.23). O principal defensor dessa opinião foi Sir William Ramsay, que realizou extensas pesquisas arqueológicas na Ásia Menor. A maioria dos comentaristas modernos, com exceção dos da Alemanha, aceita essa teoria. Entre eles encontramos Zalin, Burton, Duncan, Tenney, Bruce e Hendricksen. Embora exista muito a ser dito em relação a cada uma delas, e talvez essa questão não possa ser estabelecida com grande segurança, a opinião a favor do sul da Galácia parece ser a mais provável por diversas razões: a. Embora isso não possa levar a alguma conclusão, o hábito de Paulo de usar termos oficiais romanos, associado ao registro histórico em Atos e às evidências da epístola, dá um sólido suporte à opinião de que ele se dirigiu às igrejas do sul, como está mencionado em Atos 1314 e 16.1-5. Observe 1 Coríntios 16.1, onde Paulo usa a palavra “Galácia” no contexto, junto com outras províncias romanas, como Macedônia (16,5), Acaia (16.15) e Ásia (16.19). Outras referências à Galácia podem ser encontradas em 2 Timóteo 4.10 e 1 Pedro 1.1. b. A ausência de uma prova definitiva de que Paulo tenha alguma vez fundado igrejas no norte da Galácia, em contraste com a fácil conexão com as cidades do sul, cujo extenso antecedente histórico, fornecido em Atos, está possivelmente em linha com o reconhecido propósito de Lucas de mostrar o contexto das epístolas de Paulo. Atos 16.6-8 e 18.23 são referências citadas para a opinião relacionada com o norte da Galácia. Em Atos 16.6-8 lemos; “E, passando pela Frigia e pela província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia.
E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. E, tendo passado por Mísia, desceram a Trôade”. Essa passagem indica que, depois de visitar as cidades do sul da Galácia (16.1-5), e como Paulo havia sido impedido pelo Espírito de ir para o oeste dentro da província da Ásia, ele tomou a direção norte através da região étnica da Frigia e da Galácia (provavelmente, ao longo da fronteira da antiga Galácia). Ao atingir o ponto sul da Bitínia e o leste da Mísia, ele foi dirigido pelo Espírito para o oeste, a Trôade, em vez de ir para o norte, para Bitínia, ou à região leste localizada na antiga Galácia étnica. Não existe aqui nenhuma referência a uma extensa evangelização ou fundação de igrejas, e nenhum apoio definitivo em favor da teoria do norte da Galácia. Em Atos 18.23, a ordem das palavras está invertida e a referência foi feita, muito provavelmente, a duas regiões adjacentes. Paulo partiu da cidade de Antioquia, na Síria, “passando sucessivamente pela província da Galácia e da Frígia, confirmando a todos os discípulos”. Burton prefere a explicação da rota que leva Paulo a Tarso através das portas cilicianas e da parte ocidental extrema da velha Galácia e, em seguida, através da Frígia, a região oriental da Ásia.
Isso seria consistente com o uso étnico de Lucas do adjetivo “gálata” em Atos 16.6. Observe que não existe nenhuma referência a cidades ou igrejas em qualquer parte da Galácia, seja no norte ou no sul. Lucas não dá nenhuma evidência de está tentando fornecer um contexto em que Paulo esteja fundando igrejas. Portanto, não há provas, em qualquer passagem já citada, de que Paulo estivesse fundando igrejas na região norte, c. Uma terceira razão a favor da opinião relativa ao sul da Galácia é a que melhor satisfaz as considerações exegéticas da epístola. Primeiro, a região sul da Galácia estaria, provavelmente, mais familiarizada com a religião judaica, de acordo com o julgamento de Paulo. Segundo, os mestres judaizantes que se opunham a Paulo teriam um acesso mais rápido e mais provável à região sul. Terceiro, a forma de Paulo argumentar seria mais compreensível se considerássemos que os decretos de Atos 15 teriam sido destinados às igrejas do sul, como em Atos 16.1-5, e que os erros apresentados aos gálatas não eram os de Atos 15 (G1 2.1-10) relativos à salvação pela fé, mas estavam dirigidos principalmente aos cristãos que viviam, sob a lei mosaica (como em Gálatas 2.11-21). E claro que a doutrina da justificação estaria logicamente afetada, mas a forma peculiar da argumentação em Gálatas 4 não a atinge diretamente como faz a Epístola aos Romanos.
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