Aula 01 – 3º Trimestre de 2017
Texto Explícito : 2 Timóteo 3:14-17
"Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem
algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito
Santo" (2Pd.1:21).
Introdução
Mais um trimestre letivo se inicia. Estudaremos as principais
doutrinas da fé cristã. E nesta primeira Aula, trataremos da
inspiração divina e autoridade das Escrituras Sagradas, que são a
verdade, a expressão do próprio Deus. As Escrituras Sagradas não
são fruto da lucubração humana, mas da revelação divina. Elas
não provêm da descoberta humana, mas do sopro divino. Toda a
autoridade das Escrituras depende exclusivamente da sua origem
divina. As Esculturas surgiram na mente de Deus e foram comunicadas
pela boca de Deus, pelo sopro de Deus ou pelo seu Espirito Santo. As
Escrituras são, pois, no verdadeiro sentido do termo, a Palavra de
Deus, porque Deus as disse. É como os profetas costumavam anunciar:
“a boca do Senhor o disse” (Is.1:20).
A Bíblia é a Palavra de Deus
Ela mesma assim se define e o
cumprimento exato de tudo quanto nela está desde os primórdios da
história da humanidade é a prova irrefutável de que ela é, sem
sombra de dúvida, a Palavra de Deus, a revelação de Deus aos
homens. Muitos têm tentado, ao longo dos séculos, levantar-se
contra essa Palavra, mas todos têm fracassado em seu intento de
calá-la ou desacreditá-la, precisamente porque não se trata de uma
obra feita pela mente, vontade ou imaginação humana, mas tem sua
origem, sua concepção e o zelo pelo seu cumprimento diretamente em
Deus. Sua inspiração divina e sua soberania como única regra de fé
e prática para a nossa vida constituem a doutrina basilar da fé
cristã.
I. Revelação e Inspiração
A Bíblia foi dada por Deus através de inspiração e revelação, à
medida que o Espírito Santo operou em homens escolhidos, revelando a
eles os pensamentos de Deus e capacitando-os a usar as palavras
adequadas para comunicar a verdade divina sem erros.
1. Revelação.
Um dos princípios da Teologia é o fato de Deus não
nos ter criado e deixado largados para viver em um mundo sujeito às
regras do pecado, mas ter nos confiado um manual que revela a sua
vontade, a Bíblia. Daí advém o que chamamos de revelação, o ato
de tornar conhecido o que antes não o era. Esta Revelação, a
Bíblia Sagrada, nos foi entregue, a fim de que reconheçamos a Deus
como o ser Supremo por excelência e a seu Filho Unigênito como o
nosso Salvador.
2. Inspiração
É o registro dessa revelação sob a influência do
Espírito Santo, que penetra até as profundezas de Deus
(1Co.2:10-13). Os 66 Livros da Bíblia são divinamente inspirados.
Os escritores do Antigo Testamento estavam conscientes de que o que
disseram ao povo e o que escreveram é a Palavra de Deus (ver
Dt.18:18; 2Sm.23:2; 2Pd.1:21). Repetidamente os profetas iniciavam
suas mensagens com a expressão: “Assim diz o Senhor”. Esta
expressão ocorre mais de 2.600 vezes. O Espírito Santo falou por
intermédio dos autores - “O Espírito do Senhor falou por mim, e a
sua palavra esteve em minha boca” (2Sm.23:2). Jesus também ensinou
que a Escritura é a inspirada Palavra de Deus até em seus mínimos
detalhes (Mt.5:18). Afirmou, também, que tudo quanto Ele disse foi
recebido da parte do Pai e é verdadeiro (João 5:19, 30,31; 7:16;
8:26).
É bom fazer uma distinção entre o texto inspirado e o registro
inspirado. Assim, declarações mentirosas como as de Ananias e
Safira, as declarações de Satanás não foram inspiradas por Deus,
mas sim o seu registro. Tais textos foram incluídos na Bíblia, para
que conheçamos os ardis de Satanás, os pensamentos dos ímpios.
Sabemos que uma das características da Bíblia é a sua
imparcialidade, assim, ela não omite as mentiras, as falsidades
ditas por alguém.
3. A forma de comunicação
Existem duas formas principais de
comunicação entre Deus e o homem: verbal e escrita. Verbal até
Moisés e depois, segundo alguns teólogos, usando a
instrumentalidade do homem mais manso da terra passou a ser escrita.
a) A transmissão verbal
As palavras do Criador para a humanidade
foram passadas no início de forma falada. Deus em contato pessoal
com o homem colocava as suas leis e este era o responsável em
passá-la para a posteridade. Com o passar dos anos a corrupção
generalizou-se na sociedade pré-noêmica e as distorções
fatalmente seriam inseridas na história se não fosse o dilúvio que
levou à morte toda aquela geração, excetuando-se a família do
patriarca Noé que, pela Graça de Deus, conservou a história para
ser outra vez disseminada entre seus descendentes.
Com o aparecimento das línguas (Gn.11:7) e a dispersão do povo
(Gn.11:8), a história corria sério risco de ser perdida, então
Deus chama a Abraão e põe nele a sua Palavra de forma mais clara e
objetiva. Nesse ponto o patriarca tem a história passada pelos seus
ancestrais juntamente com as palavras de orientação e proféticas
do Todo-Poderoso. A Palavra de Deus continuou sendo transmitida
oralmente até Moisés.
b) A transmissão escrita
Embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia
foi escrita e redigida por seres humanos (2Pd.1:21) que, para
escrevê-la, usaram de todos os materiais que tinham à sua
disposição para tanto, lembrando-se, aliás, que, no tempo da
formação dos escritos sagrados, não havia o papel, material que o
Oriente Médio e o Ocidente somente conheceram num tempo posterior à
elaboração das Escrituras, elaboração esta, aliás, que durou
mais de mil e quinhentos anos, que é o tempo que vai de Moisés ou
Jó, apontados como os autores do livro de Jó, que é o livro mais
antigo das Escrituras, até a redação dos livros do apóstolo João,
que são considerados os últimos escritos inspirados da Bíblia
Sagrada.
É interessante notar que Deus não escreveu parte nenhuma da Bíblia.
As Escrituras registram que Deus havia escrito as primeiras tábuas
da Lei (Ex.32:15), mas foram quebradas por Moisés, indignado por
causa da corrupção do povo no episódio do bezerro de ouro
(Ex.32:19). As segundas tábuas, embora lavradas por Moisés, foram
também escritas por Deus (Dt.10:1-4), mas estas tábuas foram
colocadas na arca, ou seja, não puderam ser lidas pelo povo. Moisés
escreveu o seu teor, nesta oportunidade, naquilo que viria a ser o
Pentateuco (Ex.34:27), numa comprovação de que parte alguma das
Escrituras foi feita pelo dedo de Deus.
O mesmo devemos dizer a respeito do Filho de Deus, ou seja, Jesus
nada deixou escrito, mas tudo que transmitiu o fez oralmente, teor
este que foi, posteriormente, lembrado pelo Espírito Santo para que
pudesse ser reduzido a escrito (1Co.11:23; 2Pd.1:18-21; 1João
1:1,3). Vemos, pois, que, embora seja a Palavra de Deus, a Bíblia
não foi escrita, em momento algum, por Deus, que delegou, pois, tal
tarefa para o homem. A Bíblia foi inspirada por Deus; a palavra
grega “theopneustos” significa literalmente “soprada por Deus”,
porém, isso não quer dizer que Deus anulou a personalidade, o
estilo ou a preparação de seus escritores, uma vez que esses homens
santos “falaram movidos pelo Espirito Santo” (2Pd.1:21).
Deus quis, portanto, que a Bíblia fosse escrita pelos homens, embora
se tratasse da própria Palavra do Senhor, para que as Escrituras
fossem, elas mesmas, a demonstração da comunhão que se pretendeu
restabelecer entre Deus e o homem. Esta comunhão, que, em Jesus,
estava evidenciada pela dupla natureza, é um dos aspectos pelos
quais as Escrituras são consideradas testemunhas do próprio Verbo
Divino (João 5:39). Assim, pois, como Jesus é homem e é Deus, as
Escrituras também são Palavra de Deus, mas escrita pelos homens.
4. Inspiração, Revelação e Iluminação.
Toda a Bíblia foi
inspirada por Deus, mas nem tudo nela é produto de revelação. A
revelação implica em Deus mostrar fatos desconhecidos ao escritor
sacro enquanto que na inspiração isto não se faz necessário. Por
exemplo: Moisés recebeu os primeiros capítulos de Gênesis por
revelação enquanto outros não foram necessário produto de
revelação. Lucas foi inspirado a reunir vários documentos cristãos
precedentes para confeccionar seus dois livros, o Evangelho e o livro
de Atos (Lc.1:1-4). Paulo que não andou com Cristo e nem recebeu
instrução apostólica deixou-nos um tesouro teológico de
inestimável grandeza em suas epistolas. Enquanto Lucas foi inspirado
a escrever, a Paulo foi revelado o que escrever.
Quanto à Iluminação, tem a ver com a compreensão da mensagem
revelada. Em 1Pd.1:10-12 está um ótimo exemplo do que significa a
iluminação: "Desta salvação inquiriram e indagaram
diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos era
destinada, indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito
de Cristo, que estava neles, indicava, ao dar de antemão testemunho
sobre os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e sobre as glórias
que os seguiriam. Aos quais foi revelado que não para si mesmos, mas
para vós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram
anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos
pregaram o evangelho. Coisas para as quais até os anjos desejam
atentar".
Portanto, a Inspiração tem a ver com a recepção e o registro da
verdade; a Revelação tem a ver com a transmissão e; a Iluminação
é a compreensão desta mesma mensagem. Neste caso, os profetas
recebiam a Revelação e a Inspiração, mas muitas delas não eram
acompanhadas de Iluminação.
II. A Inspiração Divina e a Inspiração
1. A inspiração divina. e a piração” vem do latim, que
significa “respirar para dentro” (in e spiro) e de uma forma
grega que significa “expirado por Deus” (theopneustos). Deus
colocou o Espírito Santo nos escritores da Bíblia e, através dEle,
os guiou na redação da Bíblia. Por isso, a “inspiração” pode
ser definida como o processo pelo qual Deus expirou o Seu Espírito
em homens, capacitando-os a receber e comunicar a verdade divina sem
erro. A Bíblia é Deus falando. Os escritores da Bíblia escreveram
sobre fatos que eles conheciam tanto quanto sobre fatos que eles não
conheceriam sem a inspiração. Os fatos conhecidos sobre os quais
eles escreveram chegaram a eles por observação pessoal, documentos
existentes ou tradição oral. Muito do que foi escrito por esses
homens chegou ao conhecimento deles pela primeira vez através da
revelação de Deus. Quer estivessem escrevendo fatos conhecidos,
quer revelação, a inspiração os guiou a informarem somente a
verdade, sem erros de comunicação (Hugo Mccord).
Mattew Henry, um dos maiores expositores das Sagradas Escrituras, é
categórico ao referir-se à inspiração da Bíblia: “As palavras
das Escrituras devem ser consideradas palavras do Espírito Santo”.
Como não concordar com Henry? Basta ler a Bíblia para sentir, logo
em suas palavras iniciais, a presença do Espírito Santo. Paulo
afirma: “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,
para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído
para toda boa obra” (2Tm.3:16,17). Aqui, o termo “Escritura”
refere-se principalmente aos escritos do Antigo Testamento
(2Tm.3:15). Mas é importante destacar que toda a Escritura, e não
apenas parte dela, é inspirada por Deus. Tanto o Antigo quanto o
Novo Testamento compõem as Escrituras (cf. 2Tm.3:14; 2Tm.5:18;
1Co.2:13; 2Co.2:17; 13:3; Gl.4:14; Cl.4:16; 1Ts.2:13; 5:27;
2Pd.3:16).
Muitos liberais aproximam-se das Escrituras carregados de ceticismo e
contestando toda inspiração, inerrância e infalibilidade. Há
aqueles que, enganosamente, afirmam que as Escrituras apenas contêm
a Palavra de Deus, mas não são a Palavra de Deus. Outros negam sua
historicidade e tentam, jeitosamente, explicar seus registros
históricos e seus milagres de forma metafórica. Todavia, permanece
a verdade inabalável de que toda a Escritura é inspirada por Deus,
é a própria Palavra de Deus.
2. Autoridade da Bíblia
A Bíblia é a Palavra de Deus, porque tem
origem em Deus; seu conteúdo foi comunicado por Deus aos homens
santos escolhidos pelo Senhor para reduzi-la a escrito. O selo dessa
autoridade aparece em expressões como "assim diz o SENHOR"
(Êx.5:1; Is.7:7); "veio a palavra do SENHOR" (Jr.1:2);
"está escrito" (Mc.1:2). Ante tais considerações, não
temos como deixar de reconhecer que a Bíblia Sagrada é dotada de
autoridade absoluta, ou seja, deve ser aceita pelo homem como única
regra de fé e de prática, ou seja, o ser humano, se quiser ser fiel
e obediente ao seu Criador, deve crer no que a Bíblia diz e fazer
exatamente o que a Bíblia determina.
Sendo a Palavra de Deus e a fiel comunicação da vontade divina aos
homens, não há, mesmo, como deixar de observar o que é prescrito
pelas Escrituras, nem deixar de crer naquilo que ela nos diz. No
entanto, apesar disto, não têm sido poucas as tentativas, ao longo
da história, e no meio do povo que se diz de Deus, para
descaracterizar esta autoridade absoluta e prioritária que deve ter
a Bíblia Sagrada na vida de um servo do Senhor. Ao longo da história
de Israel, todos quantos procuraram se rebelar contra a autoridade
das Escrituras foram apresentados como pessoas que se fizeram
inimigas da vontade de Deus, demonstrando, claramente, que a
desconsideração da autoridade das Escrituras é atentado contra o
próprio Deus. São diversos os exemplos, mas citemos apenas alguns a
título de ilustração:
a) Saul, o primeiro rei de Israel, foi rejeitado por Deus porque
preferiu sacrificar a obedecer à Palavra do Senhor (1Sm.13:8-14).
b) Davi, mesmo sendo um homem segundo o coração de Deus, viu
transformar-se em tragédia uma festividade que realizou para levar a
arca de Deus para Jerusalém, por não ter atentado à lei do Senhor
(2Sm.6:3-9; 2Cr.15:1-3).
c) O povo do reino de Israel, o reino das dez tribos do Norte, perdeu
a sua terra e a sua identidade, até o dia de hoje, porque rejeitou o
conhecimento de Deus, ou seja, a observância da Sua Palavra
(2Rs.17:7-23).
d) O povo do reino de Judá, o reino das duas tribos do Sul, perdeu a
sua terra, que descansou durante setenta anos, por não ter cumprido
a determinação do ano sabático (2Cr.36:21,22).
e) Os saduceus são apontados por Jesus como pessoas que viviam
erradamente sob o ponto-de-vista espiritual por não conhecerem as
Escrituras, ou seja, não a observarem, erro este que levou à total
destruição deste partido judeu quando da destruição do templo de
Jerusalém no ano 70 d.C. e a derrota definitiva para os romanos no
ano 135 d.C. (Mt.22:29; Mc.12:24; Mc.12:27).
Apesar destes exemplos bíblicos, não foram nem são poucos os que
se encontram na mesma e triste lamentável situação dos saduceus,
errando por não conhecerem as Escrituras e lhes negando autoridade,
embora se digam, como o faziam os saduceus, “defensores
intransigentes das Escrituras” e isto porque, assim como os
saduceus, embora afirmem prestigiar o texto sagrado e reconhecer-lhe
a autoridade, diminuíam-no na prática de seus atos. Os saduceus,
por exemplo, somente criam nos cinco livros da lei, desprezando todas
as demais Escrituras, como se elas não fossem igualmente inspiradas
por Deus. De igual modo, os “modernos saduceus” promovem muitos
erros porque não aceitam a autoridade da Bíblia Sagrada.
III. Inspiração Plena da e Verbal
A correta doutrina bíblica a respeito da inspiração é: inspiração
verbal e plenária. Pedro enfatiza que as Escrituras são
provenientes de Deus, e não de seres humanos; são divinamente
inspiradas. Os escritores bíblicos não redigiram uma combinação
de suas próprias ideias; o texto resultante não é proveniente de
imaginação, discernimento ou especulação humana. O apóstolo
Pedro, em sua segunda Epístola assim afirmou: “sabendo
primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de
particular interpretação; porque a profecia nunca foi produzida por
vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram
inspirados pelo Espírito Santo”(2Pd.1:21). Na verdade, homens
santos de Deus falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito
Santo. Apesar de não compreendermos plenamente como se deu o
processo, Deus dirigiu cada palavra que esses homens escreveram. Ao
mesmo tempo, contudo, Deus não destruiu a individualidade ou o
estilo dos escritores. Em tempos como os nossos, nos quais tantas
pessoas negam a autoridade da Bíblia Sagrada, é importante termos
convicção da inspiração verbal e plenária das Escrituras
Sagradas.
1. Inspiração verbal
A inspiração verbal indica que as palavras
redigidas por pelo menos quarenta escritores humanos foram inspiradas
por Deus – “As quais também falamos, não com palavras de
sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando
as coisas espirituais com as espirituais” (cf.1Co.2:13). O mesmo se
refere ao texto bíblico do Antigo Testamento – “E Moisés
escreveu todas as palavras do SENHOR, e levantou-se pela manhã de
madrugada, e edificou um altar ao pé do monte e doze monumentos,
segundo as doze tribos de Israel” (Ex.24:4). Deus não deu um
esboço geral ou algumas ideias básicas e depois permitiu que os
escritores as expressassem como lhes parecesse melhor. As próprias
palavras que usaram foram dadas pelo Espírito Santo.
Não resta dúvida de que muitos escritores da Bíblia reduziram a
escrito mensagens que lhes foram dadas verbalmente por Deus, como é
exemplo os Dez Mandamentos e boa parte daquilo que foi escrito por
Moisés na lei. No entanto, temos de entender que Deus opera além de
quaisquer limites humanos ou que nossa compreensão possa atingir, de
forma que temos de, neste ponto, fazer coro ao seguinte pensamento de
R.N. Champlin, que reproduzimos: “…a inspiração, normalmente, é
verbal, visto que diz respeito à comunicação da verdade em
linguagem humana. Isso não significa, entretanto, que consiste em
mero ditado de palavras, mas significa que os diversos processos que
jazem por detrás da questão, envolvendo aspectos como a
individualidade dos escritores, o meio ambiente, o treinamento, as
experiências deles, além de outros fatores, foram de tal modo
manipulados por Deus que o resultado foi que as palavras registradas
não são apenas do homem, mas são plenamente de Deus…”
(CHAMPLIN, R.N. Escrituras. In: Enciclopédia de Bíblia, Teologia e
Filosofia, v.2, p.475).
2. Inspiração plenária. A inspiração plenária indica que a
Bíblia toda foi igualmente inspirada por Deus, desde Gênesis até
Apocalipse. O apóstolo Paulo afirmou: “Toda a Escritura é
divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça” (2Tm3:16). Toda Escritura
é divinamente inspirada se refere à Bíblia completa, aos 66livros
do Antigo e Novo Testamento. Até os mínimos detalhes foram
colocados na Bíblia sob inspiração divina - “Porque em verdade
vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til
se omitirá da lei sem que tudo seja cumprido” (Mt.5:16).
Em 2Pd.1:20,21 está escrito: “sabendo primeiramente isto: que
nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação.
Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os
homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo”.
Pedro aqui atesta que as Escrituras não podem ser de “particular
interpretação”, ou seja, que os textos bíblicos não podem ser
entendidos isoladamente, mas como parte de um conjunto, pois, embora
tenham sido escritos por homens de diferentes culturas, de diferentes
épocas, de diferentes classes sociais, de diferentes graus de
instrução, o resultado não é fruto da cultura, da história, da
época, da posição social nem tampouco da erudição de cada um dos
escritores, mas tão somente obra do Espírito Santo, que é o mesmo
a ter agido na vida de cada um destes “homens santos de Deus”.
Portanto, a Bíblia toda, sem qualquer exceção, foi inspirada pelo
Espírito Santo, ou seja, as Escrituras foram geradas pelo próprio
Deus que deu a mensagem a cada um dos escritores, que, fielmente,
reduziram a escrito a mensagem recebida.
Negar a inspiração plenária das Sagradas Escrituras, portanto, é
desprezar o testemunho fundamental de Jesus Cristo (Mt.5:18; 15:3-6;
Lc.16:17; 24:25-27, 44,45; João 10:35), do Espírito Santo (João
15:26; 16:13; 1Co.2:12-13; 1Tm.4:1) e dos apóstolos (2Pd.1:20,21).
IV. Única Regra Infalível da Fé prática
1. Proveitosa para ensinar. “Toda Escritura é divinamente
inspirada e proveitosa para ensinar...” (2Tm.3:16,17). As
Escrituras Sagradas são essencialmente o manual da salvação, pois
elas "podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há
em Cristo Jesus" (2Tm.3:15). As Escrituras são ensinos
espirituais que não se encontram em nenhum lugar do mundo. Seu
propósito mais alto não é ensinar fatos da ciência que o homem
pode descobrir por sua investigação experimental, mas ensinar fatos
da salvação que nenhuma exploração humana pode descobrir e
somente Deus pode revelar. As Escrituras falam sobre a criação e a
queda. Ensinam sobre o juízo de Deus e também de seu amor redentor.
Alguém disse que a Escritura é pastoralmente útil para o ensino,
isto é, como fonte positiva de doutrina cristã; para repreensão,
isto é, para refutar o erro e para repreender o pecado; para a
correção, isto é, para convencer os mal-orientados dos seus erros
e colocá-los no caminho certo outra vez; e para a educação na
justiça, isto é, para a educação construtiva na vida cristã.
Como bem diz o Pr. Esequias Soares, a Bíblia revela os mistérios do
passado como a criação, os do futuro como a vinda de Jesus, os
decretos eternos de Deus, os segredos do coração humano e as coisas
profundas de Deus (Gn.2:1-4; Is.46:10; Lc.21:25-28).
2. A conduta humana. Como Criador
Deus nos concedeu uma espécie de
"manual do fabricante", que é a Sua Palavra. Está escrito
que “toda Escritura é divinamente inspirada e proveitosa
para...redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que
o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente preparado para toda boa
obra” (2Tm.3:16,17). A Palavra de Deus é aplicável na vida
diária, na família, na igreja, no trabalho e na sociedade. Somente
Deus, o nosso Criador, nos conhece e sabe o que é bom para suas
criaturas. Suas orientações estão na Bíblia, o "manual do
fabricante". Portanto, não devemos tomar a Bíblia como um
livro comum, apenas para trazer-nos algum conhecimento em nossa
mente, mas devemos tomá-la, como um Livro de vida, contatando o
Senhor Jesus, através da oração, para que Ele nos conceda algo
vivo em sua palavra, ou seja, algo que traga uma lição prática
para o nosso viver no dia a dia.
3. As traduções da Bíblia. Temos de entender que a inerrância e a
infalibilidade estão relacionadas diretamente com a inspiração das
Escrituras e, portanto, dizem respeito à mensagem originariamente
transmitida aos homens inspirados pelo Espírito Santo e que foram
sendo copiadas e transmitidas geração após geração. Não nos
esqueçamos de que a cópia de um texto é algo feito pelo homem, e
um homem que não está sob a inspiração verbal plenária, e que,
por isso mesmo, neste ato de copiar não estão envolvidos os
conceitos de inerrância nem de infalibilidade.
Com relação à tradução bíblica, também, é outro fator que não
está sob o império da inerrância e da infalibilidade da Bíblia.
Aqui, também, não temos a atuação da “inspiração verbal
plenária” e, portanto, tais atividades podem ter erros ou
equívocos, como também necessitam, de tempos em tempos, de revisões
e atualizações, pois são ações humanas e, como tal, sujeitas ao
tempo e ao espaço. A primeira versão da Bíblia Sagrada em língua
portuguesa a ser levada para a imprensa, a de João Ferreira de
Almeida, que continha o Novo Testamento, ainda antes de ter sido
lançada, teve, pelo próprio tradutor apontados cerca de 1.000 erros
de tradução. Aliás, é por isso que esta Versão, após terem sido
feitas as correções, é conhecida como Almeida Revista e Corrigida,
ou seja, foi objeto de uma correção e, se foi corrigida, é porque
continha erros. Na década de 1940, a Sociedade Bíblica do Brasil
efetuou uma atualização desta Versão que, feita no século XVII,
se encontrava extremamente defasada e era de difícil compreensão da
população da metade do século XX, surgindo, então, a Versão
Almeida Revista e Atualizada. Tudo isto é possível e até
necessário porque versões e traduções são obras humanas, feitas
segundo a vontade de Deus, no sentido da tarefa da Igreja, mas sem a
“inerrância e infalibilidade”.
É bom enfatizar que a autoridade e as instruções das Escrituras
valem para todas as línguas em que elas forem traduzidas. É vontade
de Deus que todos os povos, tribos, línguas e nações conheçam sua
Palavra (Mt.28:19; At.1:8).
Conclusão
A Bíblia é inspirada por Deus e fornece evidências plausíveis
desse fato para aqueles que estão dispostos a investigar; é a única
revelação escrita de Deus para toda a humanidade. Ela sobreviveu
para contar sua mensagem de Cristo e da salvação de geração a
geração. Não esqueçamos que a Palavra de Deus é: (a) leite que
nutre – “desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o
genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado
crescimento para salvação” (I Pedro 2:2); (b) água que limpa –
“tendo-a purificado por meio da lavagem e da água pela palavra”
(Ef.5:26); (c) espada para as lutas – “Tomai também o capacete
da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus”
(Ef.6:17); (d) mel que deleita – “os juízos do Senhor são
verdadeiros e igualmente justos,... são mais doces do que o mel e o
destilar dos favos” (Salmo 19:10); (e) fogo e martelo – “Não é
a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiúça a penha?”
(Jr.23:29); (f) restaura a alma - “a lei do Senhor é perfeita e
restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos
símplices. Os preceitos do Senhor são retos e alegram o coração;
o mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos” (Salmo 19:7,8). Fonte: CAP
0 Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião dos administradores do blog Tifsa Brasil.
Se o seu comentário estiver de acordo com nossas diretrizes de postagem, ele aparecerá online após nossa revisão.